Introdução - Tenho o maior respeito pela empresa Cataratas do Iguaçu S.A. que conquistou nos últimos anos o direito de ser iguaçuense. Assim nada do que digo é contra a empresa especialmente tal qual se apresenta hoje. Não posso dizer a mesma coisa do processo que resultou na criação da empresa e na privatização dos serviços na área de visitação do PNI. A área que critico é aquela que criticada pelo Plano de Manejo do PNI que afirma que o processo foi iniciado a partir do lançamento do Plano de Revitalização do PNI e que o Plano, estranho, foi uma inciativa do Ibama do Paraná na época e a então diretoria do Parque Nacional do Iguaçu além da participação de instituições e atores do Governo do Estado do Paraná. Esse processo não é rico em lisura e, ao meu ver, deveria ser investigado um dia pois pertence ao mesmo período da história brasileira onde aconteceu uma “privataria” dita tucana.
Foz do Iguaçu ficou de fora desse processo especialmente na formatação de uma possível participação econômica. O Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu foi realizado sem levar em conta a situação atípica de Foz do Iguaçu. Ele foi bolado para orientar um Parque Nacional como destino de ecoturismo. Há diferença entre ecoturismo e turismo. O ecoturismo pratica o turismo de baixo impacto. Não é possível ver, nunca, 12 mil ecoturistas em um só dia em um só lugar. Assim a comunidade de Foz do Iguaçu tem um problema muito grande em mãos. Assumir que o turismo em vigor e praticado inclusive pelo ICMBio é de massa e não ecoturismo. Caso, se consiga fazer isso, o Plano de Manejo deverá ser mudado, para o bem do PNI e das populações locais, para orientar o uso da Área de Uso Público para o turismo de massa. Que é o que temos atualmente. Caso seja a intenção de adaptar a cidade para um novo turismo, isso deveria constar também do documento.
!º de Agosto de 2012 - Segundo liminar do juiz federal Rony Ferreira, a partir do dia 1º de Agosto de 2012 só os ônibus da concessionária poderá fazer o transporte de turistas dentro da Unidade de Conservação. Os diversos atores do turismo local estão preocupados. Acaba o transporte privado em que um veículo de uma agência, com o seu guia, leva seu passageiro até as cataratas. Espera por ele. Leva-o até o Macuco e depois trás ao hotel. Mais tarde o levará a outras excursões e por fim ao Aeroporto. O agente perderá esse transporte com valor agregado. A partir de então, ele levará o turista até o Centro de Visitantes onde o deixa. Em dias normais, o cliente embarcará em um dos 13 ônibus da concessionária junto com o seu guia de turismo – o que acontece hoje no trenzinho “ecológico” do lado argentino das Cataratas do Iguaçu.
Naqueles feriados com muita gente ou em época de férias, se nada mudar, o cliente vai sofrer. O presidente do sindicato de guias de turismo Sidnei Reis relatou que na páscoa de 2011 que coincidiu com o 21 de abril tinha tanta gente na fila na atual estrutura do Centro de Recepção de Visitantes que a fila dava várias voltas dentro do CRV, saia até a esquina e de lá ia até o portão do PNI e voltava até a catraca de embarque. “Era a fila só para embarcar no ônibus. Não era a fila para comprar o ticket”, disse Sidnei que acrescentou que a fila para comprar o ingresso ele enfrentou pela manhã. Ele disse ainda: “e isso porque a concessionária tinha contratado ônibus extras e todos os veículos da frota do turismo local entravam”.
Digo de passagem que esse turismo de feriadão é um problema que Foz do Iguaçu terá que resolver a longo prazo. As cataratas com 15 mil pax (pessoas) em um só dia é um sacrilégio. Pois com tal quantidade de gente, as Cataratas que para mim são um Lugar Sagrado, passa a ser um purgatório. Resolver este problema está muito além de minha intenção.
Foz do Iguaçu tem outras distorções. Caso o acesso ao PNI seja proibido mesmo, acabou o turismo? Eu creio que não necessariamente. Porém digo que Foz do Iguaçu terá que ser revolucionária para sair dessa. Digo revolucionária não no sentido de quebra-quebra e violência. Digo revolucionária no sentido da evolução. Tem que ser evolucionária. Foz do Iguaçu está polarizada. Itaipu ao Norte e Parque Nacional no Sul – os dois são grandes atrativos. No meio que fica? Às vezes digo que tenho uma impressão de que no meio temos uma espécie de Faixa de Gaza paranaense.
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