20 março 2006

Semana da Água, né?

Hoje amanheci com vontade de brigar, no bom sentido. E por falta de opositor, decidi pegar a indústria da água. Sabe? Essa história de que a água está acabando, é mentira. Ou é parcialmente verdadeira. O que está acontecendo é que maioria das águas superficiais está sendo “emporcaiada”: dejetos, poluição, esgotos. Todos os rios, lagos e ambientes com água – incluindo praias, estão sendo transformados em fossa. E sabe mais? Estamos pagando para isso. Sabe dessa conversa de que a água é o petróleo do século XXI? Foi fabricada. O que está acontecendo hoje é a “comodificação” de tudo.
Sobre o que significa “comodificar” Riccardo Petrella da Coalizão Mundial da Água, diz:
“A concepção atual de “commodification” (transformação de algo em mercadoria) é considerar que somente a troca dá valor a qualquer coisa. Se não há troca, não há valor. Assim, tudo – inclusive seres humanos e expressões imateriais de vida – podem ser uma mercadoria (commodity) para troca, para comércio, para o mercado”.
O Instituto Polaris, sediado no Canadá destaca, no artigo "Batalha contra o roubo corpoorativo das águas do mundo", que em maio de 2000 a revista Fortune afirmou "...que a água promete ser no século 21, o que o petróleo foi no século 20".
E o que seria a água no século 21? A Fortune responde (segundo o Polaris):
“... uma commodity (mercadoria) preciosa que determina a riqueza das nações”.
Gostou?
A profecia não é vã. A indústria valia, então, uns US$ 400 bilhões por ano. O Banco Mundial já trabalhava com números na casa dos US$ 800 bilhões para 2001. Já devemos estar na casa dos trilhões. Estamos falando de potencial de crescimento de 10% ao ano, visto que até 2000, somente 5% da população mundial era atendida pelas corporações internacionais. Ainda existiria ou existe 95% de gente à disposição das empresas transnacionais.
E como se lucra com a água?
Ora, é fácil! Passando a administração da água para as corporações ou empresas de água por um processo que se chama “privatização”. E quem é quem no corrida para abocanhar as águas do mundo?
A resposta é simples e ao mesmo tempo complicada: toda a água doce do mundo está nas mãos de 10 empresas transnacionais.
E quais são?
A resposta vem em ordem de importância e porte de empresa, lucratividade e agressividade. 1) Vivendi (agora chamada Génèrale des Eaux dentro da França e Veolia para o Mundo) de nacionalidade francesa e 2) Suez – empresa conhecida até recentemente como Suez-Lyonaise dês Eaux e que, pode crer, foi responsável pela construção do Canal no Egito que é xará dela) – a partir daqui temos muitos consórcios, por exemplo 3) Bouygues-SAUR, 4) RWE - Thames Water (Águas do Tamis), 5) Bechtel-United Utilities, 6) Enron-Azurix, 7) Severn Trent, 8) Anglian Water, 9) Grupo Kelda e 10) American Water Works Company.

As duas primeiras controlam mais de 80% do mercado global da água. A Suez opera em 130 países e Vivendi (Veolia em mais de 90). O resto do mercado é batalhado. A terceira da lista, também francesa está em 80 países via a subsidiária de água SAUR. Os franceses dominam a água do mundo – o restante das empresas são inglesas, americanas e pelo menos uma a RWE é alemã que entrou no campo da água ao comprar a Thames Water da Inglaterra. A maioria das empresas citadas acima têm negócios no Brasil.
A primeira grande cidade da América do Sul a entregar suas águas para as gigantes francesas Suez e a Vivendi foi Buenos Aires, por meio de uma subsidiária chamada "Águas Argentinas". Em 1997, A Sanepar foi a primeira empresa estadual brasileira entregue à Vivendi pelo então governador e "ecologista" ( Ui, Ui) Jaime Lerner. Requião, classifica o negócio de picaretagem.

A Sanepar pertence ao Governo do Paraná e a uma empresa especialmente criada chamada Dominó Holding S. A. Fazem parte da Dominó Holding S. A., a Andrade Gutiérrez Concessões, a Veolia, ex-Vivendi, por meio de sua subsidiária brasileira chamada Sanedo, a empresa FCC, Opportunity Daleth e a Copel Participações.

A Copel participa com 15% da Dominó Holding S.A., que, por sua vez, detém 39,7% das ações com direito a voto da Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR), detentora da concessão para exploração de distribuição de água e tratamento de esgoto no Estado do Paraná (Parágrafo retirado do site da Copel). Clique aqui para ir a relatório sobre a Sanepar.

Já a Andrade Gutierrez Concessões S.A . (AGC) detinha 27,5% do capital social da Dominó Holdings S/A – que, por sua vez, detinha 34,74 % do capital da Sanepar Companhia de Saneamento do Estado do Paraná – e 15,31% do capital da CCR Companhia de Concessões Rodoviárias, além de 9,56% de participação direta no capital total da Sanepar.

Assim vemos que as gigantes internacionais da água estão no Paraná junto com outras gigantes nacionais – todos na tentativa de transformar água em valores a serem negociados nas bolsas de valores e gerarem mais lucro.
Não vou entrar em detalhes no momento, mas chamo a atenção dos leitores para o fato do governador Roberto Requião estar lutando na Justiça conta o que ele chama de “picaretas” nacionais e internacionais da água. Hoje o Paraná tem uma tal de tarifa social da água. Essa história de tarifa social está fora de moda para os ladrões corporativos dos recursos da terra. Ou melhor, tudo está preparado em nossa Lei da água para acabar com essa história de social. Terá água quem pagar. É o mercado da água. Agua comodificada!
E o que isso tem a ver com turismo? É só para você começar a entender. Parques Nacionais, águas, praias, ar, felicidade tudo está sendo "comodificado". E tudo será cobrado! A Lei 9.433/97 diz, entre outras coisas, que "a água é um bem de domínio público; a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico".

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