Existe um padrão mental, por aqui. É normal todo mundo, em Foz do Iguaçu, reclamar das coisas. È o turismo que anda mal. É o dólar. Falta divulgação. Ta ruim. Falta inteligência. Poucos vôos. Todo mundo é bom para apontar o dedo para a falta de inteligência. É sobre isso que quero falar – isto é, escrever.
Se falta tanta inteligência, quem a tem disponível? Se tem, por que não dá? Sobre o turismo, todo mundo já conhece a lista. Sobre a indústria, a saúde, a educação, todo mundo já sabe. E daí?
Não vou aumentar o coro e apontar mais falta de inteligência. Mudei de tática.
O que quero dizer é o seguinte: todos somos inteligentes. Falta cada um fazer a sua parte. A prefeitura tem que assegurar que as estruturas estão disponíveis. Centro de Convenções, está bem? Os locais turísticos estão bem? Marco das Três Fronteiras está bem? A Beira Rio sai ou não sai? A cidade tem acesso ao rio? A cidade tem porto? A Base Náutica, funciona? Há segurança? Há incentivo para o artesanato? Tem alternativas econômicas nos bairros?
Os empresários devem transformar tudo em produtos. Em ofertas. Um leque aberto. UM jardim onde possam florescer cem mil flores – como dizia Mão Tse Tung.
Divulgação é importante. Mas divulgar o quê? Eu já disse antes que a nossa divulgação é do tipo: conheça Foz, ajude os mesmos a comer caviar! Um acadêmico de turismo disse que a divulgação pode ser até pior. Terminamos divulgando as mazelas.
Divulgar o quê?
Uma resposta boa seria divulgar aquilo que nos dá orgulho. O mesmo acadêmico sugeriu que deveríamos poder divulgar aquela civilização que nós criamos e que nos dá orgulho. E aí, a civilização que criamos em Foz, no Paraná, no Brasil, nas Américas, na Mesopotâmia, nos dá orgulho? O que lhe dá orgulho em Foz? Responda! Regra: só é “divulgável” o que nos dá orgulho.
Eu tenho orgulho das Cataratas.
Não tenho orgulho da civilização que atravessa a Ponte da Amizade. Não tenho orgulho do Jardim Jupira, como está hoje. Mas ele poderia ser altamente “orgulhável”. Eu me orgulho do meu sonho de ver um monumento, uns banquinhos, uns bares, restaurantes, ali, margeando o rio Paraná, na região onde o DNER ia fazer uma sede de lazer. É o melhor lugar de Foz para se ver a Ponte Internacional da Amizade. Eu me orgulho da visão da Ponte dali. Vai lá e me diz, se a vista não é "orgulhável"?
Não me orgulho do Marco das Três Fronteiras, hoje. Mas poderia me orgulhar e não precisa torre de 100 metros não!
Me orgulho da UDC. Da Uniamérica. Me orgulho dos amigos. Tecnicamente falando me orgulho da Itaipu. Naturalmente falando, tô fora! Não me orgulho de Porto de Soja no rio Iguaçu. Não me orgulho da mentalidade pobretona e da prisão de ventre financeira que impera na região. Mas podemos melhorar.
Se você é um daqueles que cobra inteligência, que tal criar alguma coisa da qual possa se orgulhar? A crise que hoje se avizinha e promete apertar os cintos na cidade vem sendo anunciada desde 1992, pelo menos.
Não me orgulho pelo fato de não termos feito nada. Poderíamos ter feito muito em 1994, em 1997, em 2000, em 2005. Não fizemos. Isso é ruim.
Há outra crise prevista par 2023 quando os royalties – mamata - da Itaipu vão acabar. Não me orgulho das ações preventivas-criativas. Não me orgulho dos meus políticos. E em outubro, eu posso dar o troco. Posso até não votar em ninguém. Ninguém me "orgulha"! FUi!
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