Os sete maiores consolidadores brasileiros (intermediadores de agências de viagem junto às companhias), que juntos vendem para a Gol R$ 12 milhões em bilhetes aéreos por mês, decidiram não trabalhar mais com a empresa aérea.
A razão é a mesma que levou os agentes de viagem de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Distrito Federal a boicotar a companhia por quatro dias: a redução da comissão paga pela empresa aérea de 10% para 7%.
No caso dos consolidadores, a decisão é definitiva (só reversível se a Gol mudar seu posicionamento em relação ao tema). E o impacto deve ser bem maior, já que eles representam 6.000 agentes de viagem e são responsáveis por 48% das vendas de bilhetes internacionais no Estado de SP. Percebendo a oportunidade aberta pela disputa dos consolidadores e agentes com a Gol, a Varig anunciou que, em algumas rotas, aumentará a comissão das agências de viagem para 9% até 31 de janeiro.
A OceanAir também já se movimentou, enviando uma carta aos agentes lembrando que paga 10% de comissão aos agentes. "Parceria se constrói com fidelidade e respeito ao seu trabalho", diz trecho da carta. Outro trecho diz que a companhia é "leal...ao contrário de outras companhias que estão reduzindo a comissão".
Segundo a Folha apurou, a OceanAir teve reunião ontem com os principais consolidadores para tratar do tema. Segundo a Folha apurou, a empresa aérea poderia, da mesma forma que a Varig, elevar a comissão em algumas rotas.
Os consolidadores fazem a intermediação das compras das agências de viagem com as companhias aéreas, fornecendo crédito e faturando as vendas. Desde o ano passado, ao contrário de TAM e Varig, a Gol não remunera mais os consolidadores por esse serviço.
Até o início deste mês, a comissão que a companhia pagava aos agentes era de 10%, maior do que a da TAM, por exemplo, que paga 7%.
Esse percentual a mais, alegam os consolidadores, fazia com que valesse a pena continuar trabalhando com a Gol: eles repassavam 7% para as agências e ficavam com 3%. A alegação é que, com a queda na comissão, a margem ficou muito pequena. "A Gol diz que tem como negociar diretamente com as agências, sem os consolidadores. Mas como distribuirão o crédito, e com qual limite?", questiona Cássio Oliveira, da consolidadora Rextur.
"O processo é o seguinte: fomos usados e descartados. No início, em 2001, nos procuraram e disseram que seriam a nova opção do mercado. Agora nos descartaram dizendo que somos intermediários desnecessários", afirma Marcelo Sanovicz, da Advance.
A Gol informou que não se manifestaria sobre o tema. Nesta semana, a companhia divulgou nota afirmando que não entende o protesto das agências de viagem, já que pratica o mesmo comissionamento que as outras companhias, e que suas vendas estão normais, apesar do boicote.
Por Folha de São Paulo / Intelog
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