O que eu escuto, escrevo. Cuidado para não terminar nas páginas de meus livros*
Um casal inglês desembarcou em Foz do Iguaçu. Foi no voo que chega às 01h30 da manhã. O frio de rachar – por volta de Zero Graus ou menos. Um guia de turismo – um ex-aluno de inglês meu e hoje grande colega – estava esperando no Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu – Cataratas. Embarcam no carro e se dirigem para o Hotel. Os turistas se destinavam ao Hotel Sheraton no lado argentino das Cataratas do Iguaçu. Mesmo que tudo desse certo, esse casal iria dormir tarde de qualquer jeito. Teria que atravessar fronteira, preencher papeladas nos dois lados. Mas quis o destino que tudo mudasse. Descendo a Estrada ou Rodovia das Cataratas – oficialmente a BR 469, a mais curta do Brasil, em algum lugar da BR, o carro foi abordado quando chegava em um quebra-mola. Os ocupantes do carro puxaram revólveres, apontaram pra o carro e gritaram: Parem, Polícia! O carro parou. Os falsos policiais (ladrões na verdade) entraram no veículo. Se amontoaram no veículo onde já havia quatro pax (pessoas em turismês). O carro foi desviado. Os ladrões forçara o carro a sair da BR mais curta do Brasil e entrar em uma estrada de chão. Localmente a gente sabe que é a estrada que leva uma área de chácaras e onde há um ótimo lugar dirigido por um amigo chamado Gaúcho. Por isso a Chácara se chama Recanto Gaúcho. Na estrada, no escuro e no frio, os ladrões começaram a executar o assalto usando o guia como intérprete. “Diz para eles que não escondam nada. Nós queremos o dinheiro. Todo! Se a gente descobrir que tem mais, o bicho vai pegar ou algo parecido com isso. O casal inglês entregou o dinheiro que tinha em efetivo. Os ladrões recolheram os pertences: máquina fotográfica, celulares e provavelmente outros itens portáteis. Os ladrões avisaram que iriam dar uma geral, passar uma revista nas malas. Se encontrassem mais dinheiro escondido todos estariam fu... em problemas sérios. Educados, os ladrões abriram as malas. Jogaram tudo o que havia dentro no chão. Esparramaram roupas por todo o local. Não encontrando nada decidiram encerrar o assalto instruindo a que todos ficassem quietos, que aguardassem que eles saíssem e só se mexessem quando eles tivessem desaparecido na estrada.
Bem, após os ladrões partirem, e ainda em choque, o guia teve que escutar muita coisa. Um delas: como vamos saber que você não é parte do grupo? Que você não é conivente? Que não foi organizado? Combinado. O guia que é um respeitado avô lembrou que tinha anos de trabalho etc. O clima ficou horrível. A mulher já não queria ficar em Foz nem mais um segundo. Queria voltar para o Aeroporto e decolar para qualquer lugar. O guia explicou que não era possível. Não havia vôo. Daí, no capítulo seguinte vem as coisas que se seguem: polícia, queixa e outros procedimentos. Escutei – tudo que narrei aqui escutei – não entrevistei ninguém, nada é oficial. Mas escutei que a Polícia já tinha colocado as mãos em um dos ladrões. Ou pelo menos em alguém que estava com a máquina digital do inglês. No momento há procedimentos para fazer a máquina chegar até ele antes dele embarcar para a Inglaterra e narrar a história para um jornal local (da Inglaterra). Se for um bom tablóide ele pode até recuperar os prejuízos.
Enquanto isso...
Em Foz do Iguaçu começou a discussão. Que fazer? Quem é responsável pela BR 469? A PM do Paraná pode prender alguém na BR 469 ou tem que chamar a Policia Rodoviária? DE tem jurisdição? Que manda aqui? Quem faz o quê onde e porquê? Foz do Iguaçu é a cidade que mais te lugar ode ninguém manda. Algo tem que ser feito.
* A frase acima é do escritor paraguaio Augusto Roa Bastos (falecido). Escutei a frase dele. Não li. Para mim foi uma dica. Se eu escutar mais sobre o caso, lhe conto!
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