Vi nos jornais de Foz do Iguaçu que a Prefeitura estaria retirando algumas “palmeiras” da Avenida Jorge Schimmelpfeng (pronunciado xímelfeng, não é chinês). Falou-se também que as palmeiras estavam “contaminadas” ou infectadas com alguma doença. A verdade é que Foz precisa criar mais espaço para o carro. Na maioria das grandes cidades o processo é o inverso. Cria-se espaço para o humano. Foz é uma cidade jovem e automobilística, ainda. Mas não é esse o assunto que quero abordar aqui.
As “palmeiras” em questão têm nome. Se chamam “pindó”. Em guarani o nome é: pindovy. Onde o “vy” significa “azul”. Encontramos no Brasil a versão “Pindoba” que é o nome de uma pequena cidade alagoana. As “palmeiras” têm também um nome científico:Syagrus romanzoffianae. E têm até um nome inglês: queen palm ou palmeira rainha ou da rainha. Na Austrália e Nova Zelândia é conhecida também como Cocos Palm.
Como escritor e pesquisador do turismo, me sinto ameaçado e angustiado. O turismo, campo muito complexo, tem um lado muito intangível. Parece informática. Os carros, os ônibus para receptivo, os prédios, as camas dos hotéis, as latrinas, são a parte tangível ou aquela que a gente pode tocar. Junto com o povo, o serviço, as equipes, o capital.
A parte intangível – que não se pode tocar – é o software do turismo: a cultura do povo, das empresas, dos órgãos, as lendas, a mitologia, o folclore, o saber-fazer e o saber popular, o idioma, a religião e religiosidade, os costumes, a contribuição dos talentos – ou seja tudo aquilo que a proposta “neoliberal” e os coronéis de barranco, do turismo ou do sertão não enxergam.
Cada pindó que cai em Foz do Iguaçu dificulta o meu trabalho como criador ou divulgador desse software (intangível) do Paraná, do Brasil e do Planeta. Na Avenida Brasil “revitalizada” as palmeiras escolhidas pelos arquitetos de fora, não são o nosso pindó. Assim a avenida perde, depois de alguns milhões de reais gastos, um valor intangível que seria só seu e que eu nunca mais conseguirei usar na fabricação do tecido de um sofware turístico para a avenida Brasil, como espaço de recepção, convivência e bem-estar de turistas e locais. Dá para entender? Katálavis? Wakarimasu ka?
O Pindó segundo o Canto Guarani (Ayvu Rapytá) é sagrado. Quando Deus – Nhamandu – criou a Terra, ele plantou cinco pindós. Uma espécie de carimbo para denotar um obra bem feita. Cada pindó foi plantado em uma das cinco direções. Uma palmeira no Sul. Outra no Norte. Outra no Leste e ainda outra no Oeste. E a quinta? Onde a plantou Deus? Resposta: no centro que é uma importante direção. Cada um de nós temos um centro que é só seu. Quel tal o seu coração, como centro? Esta é a sua direção pessoal. Aí está o pindó sagrado da aprovação de Deus. Isso é mitologia. Um importante software humano. A falta dela pode ser patológica.
O pindó é uma árvore sul-americana. Há Pindó no Paraná. No Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina. No Paraguai oriental (onde há até uma cooperativa chamada Pindó) e no Nordeste argentino. O Pindó é a palmeira mais roubada (perdão, exportada) do Brasil para projetos paisagísticos no mundo. Há pindó no Sul da Flórida. Há pindó no Arizona. Há pindó na Califórnia. Há pindó na Austrália e Nova Zelândia. Há tanto pindó na Austrália que o governo do estado de Queensland o colocou na lista de “weeds” (ervas, plantas, árvores exóticas e daninhas à flora-fauna local etc). Invasão de pindó.
Mas aqui é a terra Natal do Pindó. Aqui é uma das direções onde Deus plantou os cinco pindós sagrados. Pindó é a palmeira das Cataratas. Qual é a árvore símbolo das Cataratas? Os iguaçuenses com pouca instrução mítico-naturalista e, pior, sem tesão ou estímulo para vender o que é “seu”, dizem que “Naipi foi transformada em uma palmeira pela poderosa e ciumenta divindade masculina (tinha que ser) Mboi”. Não é só isso. Naipi foi transformada em uma palmeira “Pindó”. Pindó é Naipi. Naipi é Pindó. Assim se Foz do Iguaçu é Terra das Cataratas e se Foz do Iguaçu é Terra de Naipi, então Foz do Iguaçu é Terra do Pindó.
Percorra a BR 277, ao longo do Parque Nacional do Iguaçu, e você verá que os pindós lhe acompanham. Pindó em Santa terezinha de Itaipu. Pindó em São Miguel. Pindó em Céu Azul. Pindó para lá do Parque. Pindó é uma das árvores que o PNI protege. Pindó em Guarapuava. Pindó em Curitiba. Muito pindó em Curitiba.
O Brasil é o País das Palmeiras. Minha Terra tem Palmeiras... Pindó, Catolé, Buriti, Açaí, Babaçu, Pupunha. O Brasil é a Terra das Palmeiras e esse foi o nosso primeiro nome: Terra das Palmeiras ou “Pindorama”. Pindó + Rama. Terra dos Pindós. Viu?
Espero que o Departamento de Praças, Parques e Jardins da Secretaria de Meio Ambiente de Foz do Iguaçu ajude a “revalidar” esse software mitológico intangível que o pindó tem bem como sua ecoespiritualidade intrínseca. E que a cidade saiba dessa riqueza. Para começar basta parar as motoserras e valorizar as coisas da Terra.
As “palmeiras” em questão têm nome. Se chamam “pindó”. Em guarani o nome é: pindovy. Onde o “vy” significa “azul”. Encontramos no Brasil a versão “Pindoba” que é o nome de uma pequena cidade alagoana. As “palmeiras” têm também um nome científico:Syagrus romanzoffianae. E têm até um nome inglês: queen palm ou palmeira rainha ou da rainha. Na Austrália e Nova Zelândia é conhecida também como Cocos Palm.
Como escritor e pesquisador do turismo, me sinto ameaçado e angustiado. O turismo, campo muito complexo, tem um lado muito intangível. Parece informática. Os carros, os ônibus para receptivo, os prédios, as camas dos hotéis, as latrinas, são a parte tangível ou aquela que a gente pode tocar. Junto com o povo, o serviço, as equipes, o capital.
A parte intangível – que não se pode tocar – é o software do turismo: a cultura do povo, das empresas, dos órgãos, as lendas, a mitologia, o folclore, o saber-fazer e o saber popular, o idioma, a religião e religiosidade, os costumes, a contribuição dos talentos – ou seja tudo aquilo que a proposta “neoliberal” e os coronéis de barranco, do turismo ou do sertão não enxergam.
Cada pindó que cai em Foz do Iguaçu dificulta o meu trabalho como criador ou divulgador desse software (intangível) do Paraná, do Brasil e do Planeta. Na Avenida Brasil “revitalizada” as palmeiras escolhidas pelos arquitetos de fora, não são o nosso pindó. Assim a avenida perde, depois de alguns milhões de reais gastos, um valor intangível que seria só seu e que eu nunca mais conseguirei usar na fabricação do tecido de um sofware turístico para a avenida Brasil, como espaço de recepção, convivência e bem-estar de turistas e locais. Dá para entender? Katálavis? Wakarimasu ka?
O Pindó segundo o Canto Guarani (Ayvu Rapytá) é sagrado. Quando Deus – Nhamandu – criou a Terra, ele plantou cinco pindós. Uma espécie de carimbo para denotar um obra bem feita. Cada pindó foi plantado em uma das cinco direções. Uma palmeira no Sul. Outra no Norte. Outra no Leste e ainda outra no Oeste. E a quinta? Onde a plantou Deus? Resposta: no centro que é uma importante direção. Cada um de nós temos um centro que é só seu. Quel tal o seu coração, como centro? Esta é a sua direção pessoal. Aí está o pindó sagrado da aprovação de Deus. Isso é mitologia. Um importante software humano. A falta dela pode ser patológica.
O pindó é uma árvore sul-americana. Há Pindó no Paraná. No Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina. No Paraguai oriental (onde há até uma cooperativa chamada Pindó) e no Nordeste argentino. O Pindó é a palmeira mais roubada (perdão, exportada) do Brasil para projetos paisagísticos no mundo. Há pindó no Sul da Flórida. Há pindó no Arizona. Há pindó na Califórnia. Há pindó na Austrália e Nova Zelândia. Há tanto pindó na Austrália que o governo do estado de Queensland o colocou na lista de “weeds” (ervas, plantas, árvores exóticas e daninhas à flora-fauna local etc). Invasão de pindó.
Mas aqui é a terra Natal do Pindó. Aqui é uma das direções onde Deus plantou os cinco pindós sagrados. Pindó é a palmeira das Cataratas. Qual é a árvore símbolo das Cataratas? Os iguaçuenses com pouca instrução mítico-naturalista e, pior, sem tesão ou estímulo para vender o que é “seu”, dizem que “Naipi foi transformada em uma palmeira pela poderosa e ciumenta divindade masculina (tinha que ser) Mboi”. Não é só isso. Naipi foi transformada em uma palmeira “Pindó”. Pindó é Naipi. Naipi é Pindó. Assim se Foz do Iguaçu é Terra das Cataratas e se Foz do Iguaçu é Terra de Naipi, então Foz do Iguaçu é Terra do Pindó.
Percorra a BR 277, ao longo do Parque Nacional do Iguaçu, e você verá que os pindós lhe acompanham. Pindó em Santa terezinha de Itaipu. Pindó em São Miguel. Pindó em Céu Azul. Pindó para lá do Parque. Pindó é uma das árvores que o PNI protege. Pindó em Guarapuava. Pindó em Curitiba. Muito pindó em Curitiba.
O Brasil é o País das Palmeiras. Minha Terra tem Palmeiras... Pindó, Catolé, Buriti, Açaí, Babaçu, Pupunha. O Brasil é a Terra das Palmeiras e esse foi o nosso primeiro nome: Terra das Palmeiras ou “Pindorama”. Pindó + Rama. Terra dos Pindós. Viu?
Espero que o Departamento de Praças, Parques e Jardins da Secretaria de Meio Ambiente de Foz do Iguaçu ajude a “revalidar” esse software mitológico intangível que o pindó tem bem como sua ecoespiritualidade intrínseca. E que a cidade saiba dessa riqueza. Para começar basta parar as motoserras e valorizar as coisas da Terra.
A foto acima é do site de Goli e Meli, duas francesas que por aqui passaram e registraram suas fotos. Goli e Meli enxergaram os pindós nas Cataratas. Eu selecionei um monte de sites de pessoas de carne e osso que vieram à nossa latitude do planeta e os divulgarei, aos poucos, aqui. Uma forma de valorizar nossos turistas. Turistas não são números. Isso é o que penso.
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