07 março 2006

Hotel das Cataratas: Audiência Pública - Presente do PT para você (parte I)


A Comunidade está convocada a participar na Audiência Pública para dar a conhecer como vai ser o processo de licitação do Hotel das Cataratas. Abaixo faço comentários, faço profecias e darei detalhes do documento geral e, finalmente, interpretarei – ao meu jeito. Ninguém é obrigado a aceitar. É simplesmente a opinião baseada na minha experiência de vida e sacanagens acumuladas desde a princesa Isabel

Quem deve ir à Audiência Pública? Ótimo seria se todos os habitantes pudessem estar lá. Mas se isso não é possível, pelo menos todos os estudantes de turismo, hotelaria, o trade turístico, funcionários públicos – sua avó, o seu avô. Todos. Mas como isso pode não ser possível, eu acho que a ocasião seria imperdível para algumas classes que têm tudo a perder: agentes de viagem, guias de turismo, proprietários de veículos de locação para o turismo, transportadores, taxistas. Pelo menos esses deveriam estar lá.

Veja o que prevê o “documento” para os veículos que entram ao parque e hoje levam gente para o Hotel. As coisas estranhas colocarei em letras vermelhas:

Objetivando a redução dos impactos advindos do atropelamento de animais na BR-469, a Arrendatária deverá atender ao disposto no Plano de Manejo, que prevê a implantação de um sistema de transporte horizontal único (?), conforme já adotado pela administração do Parque Nacional do Iguaçu para a locomoção de visitantes. Para tanto, a Arrendatária deverá disponibilizar um sistema de transporte tanto para os hóspedes do Hotel quanto para os seus empregados e os empregados das lojas ali situadas, durante todo o período de permanência dos mesmos no interior do Parque Nacional do Iguaçu. Este sistema de transporte deverá ser feito por microônibus, ônibus ou vans, em conformidade com os mais recentes limites de emissão de gases e de ruídos veiculares estabelecidos na legislação que rege a matéria, a qual está indicada no endereço eletrônico
http://www.ibama.gov.br/proconve/home.htm. O sistema de transporte deverá ser implantado num prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias a partir da assinatura do contrato de arrendamento. Findo este prazo, não mais será permitida a entrada de hóspedes ou empregados com veículos particulares ou alugados. Deverá ser estabelecido pela Arrendatária, de acordo com as recomendações da administração do Parque Nacional do Iguaçu, uma agenda com os dias da semana e horários em que será permitida a entrada de fornecedores até a área do Hotel. A Arrendatária não poderá restringir o uso público das vias existentes na área de arrendamento.


Assim que vingar, o negócio vai acabar com os transfers (traslados, transporte) privados Aeroporto-Hotel-Aeroporto. Nenhum táxi vai levar passageiro para o hotel. Agentes de viagens vão se limitar a levar passageiros até a entrada do Parque Nacional do Iguaçu – que vai ser refeita, restaurada ou como querem os demagogos “revitalizada”. 
Lá no poprtão do Parque, os passageiros embarcarão no carro horizontal (vocês já viram carro vertical?) do hotel. Falando em dinheiro, o valor da corrida de táxi Aeroporto-Hotel vai para o beleléu. Em vez de cobrar R$ 20 ou R$ 30, vão poder cobrar R$ 5 ou R$ 6. Eis uma mordida na sua renda que o Ministério do Planejamento e o Ministério do Turismo do PT estão trazendo para você (Gracias, muito obrigado). 
Os agentes de turismo vão ser transformados em meros carregadores ou puxadores de passageiros até o Portão do Parque. Que maravilha de futuro! Ora se os agentes se enforcam com essa, o que será dos guias? Faz tempo que o fim dos guias é planejado. Basta uma gravaçãozinha e ele está substituído. Não é assim na Linha do Turismo em Curitiba? Pode ser em Foz! E o limite das emissões? Escolheram exatamente os carros do turismo. É uma pena que um Ministério para dar moral a um projeto fajuta use e abuse das leis ambientais. Tem um monte de fontes de emissões de poluentes e barulho dentro do Parque sobre as quais “é proibido falar” (eu que diga) e está no Plano de Manejo.

Agora veja a farofa: Segundo o documento ( Anexo I – Projeto Básico) o Ministério do Planejamento foi “induzido” a ver o Hotel das Cataratas como uma fonte de dinheiro pelo Ministério do Turismo. É isso que o documento diz:

"Consoante informações do Departamento de Financiamento e Promoção de Investimento no Turismo, vinculado à Secretaria de Programas de Desenvolvimento do Turismo, do Ministério do Turismo, o Hotel das Cataratas “necessita de melhoramentos para que o empreendimento possa ser posicionado em um nível superior, de forma a satisfazer aos exigentes gostos dos turistas estrangeiros e equipará-lo aos padrões da concorrência internacional”.


Eu tenho nojo desse linguajar. Definitivamente esse não é o turismo baseado na comunidade. Esse é o turismo globalizado, de tendência liberal que Fernando Henrique Cardoso não teve coragem de fazer. Como é anti-comunidade? É o turismo de um Brasil à venda. O que o MT entende como melhoramentos, posiconamento em nível superior, atender exigentes gostos dos turistas estrangeiros, e concorrência internacional? Turismo é só concorrência, como a soja? Impugnemos essa licitação! Mais na Parte II.

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