27 abril 2007

Minha posição sobre a Garganta do Diabo

Um dos fiascos da comunicação atual é o sim ou não. Você é contra ou a favor? Esse simulacro de democracia serve para esconder um mundo de coisas inclusive uma falsa idéia de interatividade. Assim eu não opino segundo esse "modelito".
Tudo o que eu tinha a falar sobre o tema esbocei no meu livro A Y-Guaçu Secreta - as Cataratas do Iguaçu como um Chacra da Terra, por enquanto não disponível em papel. E cujos links aparecem na coluna ao lado deste blog ou AQUI mesmo. Sobre a responsabilidade do "Iguaçuense" no que se refere ao seu privilégio de viver em uma terra sagrada, sugiro que leia a introdução "Aos Leitores da Tríplice Fronteira"

O meu trabalho tem como meta ajudar a que todas as culturas de Foz do Iguaçu (cristã - católica ou protestante, islâmica, judaica, ) "revalidem" a afirmação guarani de que as Cataratas são um Lugar Sagrado.

O livro sugere que o Diabo - que aparece entre os heróis argentino-brasileiros seja aposentado. Junto com ele devem ir todos aqueles nomes de saltos que honram o aspecto machista da sociedade desde Floriano Peixoto aos Três Mosqueteiros.O livro pede uma outra visão das Cataratas e para isso convido a que o leitor confira o blog-livro para descobrir um monte de coisas (fotos, outros lugares, o que sgnifica declarar um lugar como sagrado). A leitura do meu material é longa e sutil e não é "sensacionalista" a ponto de poder encaixar-se no sim ou não (se desejar veja um texto que escrevi aqui no NT sobre o sensacionalismo no turismo.

Quanto à mudança da lenda, sugeridas pelo pastor Nelio Sander e membros do trade turístico por apresentar as Cataratas como fruto do ódio de um Deus indígena, não posso apoiá-la. Lenda é lenda e pertence a seu povo. No meu ver, e isso deixo claro no livro, o que há de errado na lenda é aquela parte onde se afirma que os índios que moravam nas Cataratas eram kaingangs.

Quanto a relação entre Deuses e ódio, infelizemte me parece muito comum. O Deus judeo-cristão da Bíblia se apresenta sempre, no Velho Testamento, com ódio. Se a Bíblia é a palavra que saiu da boca de Deus, como se pode explicar Levítico 25: 11 que instrui às autoridades a deceparem as mãos de mulheres que, ao separarem dois homens que brigam, pegassem a vítima masculina pelo testículo ou pelas suas vergonhas? Há algo mais violento que isso? O que as mulheres acham disso?

Ou, quando o Deus judeo-cristão se juntou com o Diabo para brincar ou melhor testar a fé de Jó? E mudando de assunto, seria justificável mudar a narração bíblica porque algum detalhe nela não se adapta mais à visão atual? Quer um exemplo? Levíticos 11:13-19 inclui o morcego na lista de pássaros que não pode ser comido. Hoje sabemos que o morcego não é um pássaro - quem se anima a mudar a Bíblia e tirar o morcego da lista?

Meu conselho aos pastores que venham a apoiar a mudança do nome é tenham cuidado para não ofender o povo Guarani e dizer como eu ouvi, "o ódio de um Deus por causa do romance de dois índios". E se fosse Romeu e Julieta?

Essa história da Sacralidade das Cataratas do Iguaçu não deve ser transformada em "polêmica" ou "ferramenta de marketing" e pior como política. Sobre a palavra polêmica, me lembrei de uma coisa, sabe como diz "Segunda Guerra Mundial" em Grego? Se diz "Défteros Pólemos Pan-kosmios". Assim, meu último pedido é que não utilizem a palavra polêmica, pois polêmica é sinônimo de guerra. A cidade já pode aprender a discutir sem brigar. E "Que a paz prevaleçca na Terra das Cataratas!

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